Saudações, aprendizes! Hoje vamos falar sobre a Trilogia do Império Destruído, ou Trilogia dos Espinhos!
Arte oficial das capas da trilogia, por Jason Chan |
Este texto pode conter spoiler e prejudicar sua experiência, caso não tenha lido ou esteja familiarizado com o livro. Leia por sua conta e risco.
Livros: Prince of Thorns; King of Thorns; Emperor of Thorns.
Série: Trilogia dos Espinhos
Autor: Mark Lawrence
Nº de páginas: 360; 523; 525
Editora: Darkside Books
The Broken Empire Trilogy, ou Trilogia dos Espinhos no Brasil, narra a brutal saga de Honório Jorg Ancrath ao trono do império. A trama pode ser classificada como fantasia grimdark, um subgênero que se caracteriza pela brutalidade do cenário, com personagens cinza e uma linha tênue ou mesmo inexistente separando o bem e o mal.
Você vai ler por aí que Jorg é um herói às avessas, um anti-herói ou outra coisa do tipo. Deixemos um pouco de lado a definição exata exata de herói/anti-herói, visto que não há motivo para classificá-lo de tal maneira.
Porque Jorg é um vilão, e ponto.
Lawrence nos mostra isso nas primeiras páginas de Prince. Sabemos de início que, quando criança, Jorg testemunhou o assassinato de sua mãe e de seu irmão mais novo. Escapou apenas porque um de seus guardas reais o atirou entre os arbustos na beira da estrada.
Mas o arbusto era roseira-brava, que não solta e, quanto mais o infeliz tenta se mexer e se debater, mais os espinhos cravam em sua pele. De onde estava, pôde ver tudo acontecer, enquanto a roseira-brava fazia seu trabalho.
Arte da capa de Prince por Jason Chan |
"-Os espinhos me ensinaram o jogo."
-Jorg Ancrath
Após ser resgatado, Jorg passa por um período de quase tortura enquanto tentam tentam salvá-lo, pois a roseira-brava não costuma deixar sobreviventes. Em sua mente, portas haviam sido abertas. Portas que não deveriam ser abertas, muito menos por uma criança...
Após descobrir algo perturbador sobre o ataque do qual sobreviveu, Jorg foge do castelo do pai e passa a viver por anos com um grupo de bandidos de estrada. O tempo passa e ele se torna um verdadeiro canalha. Saqueador, estuprador e assassino, em momento algum o autor tenta esconder isso. A primeira cena do livro se passa em uma aldeia sendo saqueada e incendiada pelo grupo de bandidos conhecido como Irmandade, comandado pelo príncipe em questão.
Jorg, então, resolve voltar para casa. Espera encontrar o pai e colocar em prática seus planos e objetivos.
Um objetivo simples, na verdade.
Que com quinze anos, já seria rei.
"Alguns homens conseguem acertar na mosca a centenas de metros. Eles não miram melhor porque assim desejam, não são mais certeiros porque defendem o que é justo. Eles apenas atiram com mais precisão. Agora, quanto a mim... Eu apenas me vingo melhor do que a maioria. Você pode considerar isso um dom."
-Trecho de Prince of Thorns
Essa é a base da trama do primeiro livro. Para não dar mais spoilers, vamos ao segundo...
Arte da capa de King por Jason Chan |
Em King of Thorns, Jorg é o rei de um pequeno reino. Como no livro anterior, a história alterna entre os acontecimentos do passado e do presente, e vemos Jorg viajar pelo império destruído em busca de recursos e aliados para vencer uma guerra que já parece perdida.
Isso porque Orrin de Arrow, o príncipe prometido, é o mais poderoso candidato ao trono do império. Um homem justo e certo, Orrin é generoso com seus aliados e bondoso com o povo.
Mas Jorg não é um homem capaz de se ajoelhar...
Neste livro também acompanhamos parte da história pelo ponto de vista de Katherine, a mulher que Jorg deseja mais do que ninguém.
King foi, na minha opinião, o melhor livro da trilogia. Teve um objetivo muito mais claro do que o primeiro livro, e a narrativa foi muito mais empolgante. Do primeiro ao último capítulo, ficamos curiosos para saber o há dentro daquela maldita caixa...
"Memórias é tudo que nós somos. Momentos e sentimentos, capturados em âmbar, amarrados em filamentos de razão. tira a memória de um homem e tomará tudo dele. Desbaste uma lembrança de cada vez e você o destruirá tão certamente como se martelasse prego após prego em seu crânio."
-Trecho de King of Thorns
E, finalmente, vamos ao terceiro:
Arte da capa de Emperor por Jason Chan |
Emperor of Thorns fecha a trilogia sobre Jorg Ancrath de forma magistral. Passada a batalha contra o príncipe de Orrin, desta vez acompanhamos Jorg rumo ao trono do império.
Novamente o livro nos mostra os acontecimentos em dois tempos distintos: passado e presente, entrelaçando a história com o livro anterior e trazendo novas e interessantes perspectivas à trama.
Jorg dessa vez reúne seu séquito e parte para o congresso, evento que ocorre a cada quatro anos, onde os reis se reúnem para tentar escolher um imperador.
Paralelo a isso está o Rei Morto, o mais terrível dos antagonistas de toda a série. Capaz de meter medo no mais terrível dos necromantes, esse novo vilão envolto em mistério também marcha com sua tropa de mortos vivos em direção ao congresso, onde um confronto com Jorg será inevitável.
A trama envolvendo o exército de zumbi é mais do que satisfatória. O Rei Morto esconde um segredo, que um leitor atento pode vir a desvendar antes da hora...
"Deixe um homem jogar xadrez e diga a ele que todos os peões são seus amigos. Diga que ambos os bispos são santos. Faça-o lembrar de dias felizes à sombra das torres. Deixe-o amar sua rainha. Veja-o perder tudo."
-Trecho de Prince of Thorns
Sobre o cenário:
Um ponto que vale destacar é a ambientação. Embora o império destruído possa parecer um cenário de fantasia medieval comum, ele esconde muitos segredos. A grande sacada do cenário se torna óbvia no segundo e terceiro livro, mas diversas pistas podem ser encontradas no primeiro volume.
Mapa do império destruído. Acho que já vi isso em algum lugar... |
Personagens:
Como a trilogia é toda narrada em primeira pessoa, fica meio óbvio que o único personagem realmente aprofundado é o Jorg. No entanto, entre um capítulo e outro, Lawrence descreve em pequenos parágrafos algo sobre as personalidades dos irmãos de estrada.
Apenas alguns exemplos:
"Muito tempo atrás, nos dias calmos, o irmão Grumlow esculpia madeira, trabalhava com serra e cinzel. Quando tempos difíceis vêm, carpinteiros tendem a ser pregados em cruzes. Grumlow pegou a faca e aprendeu a esculpir os homens. (...)"
"Irmão Sim se mantém fechado e você nunca irá conhecê-lo, não importa quais palavras vocês troquem. Ele sussurra algo a cada homem que mata. Se ele dissesse aquilo a um homem e o deixasse viver, talvez eu tivesse perdido um matador."
Sobre a edição:
A edição da Darkside é linda, resultado de um trabalho feito com esmero. Os livros foram lançados em capa dura e apenas a capa já é de encher os olhos. Ponto positivo para a editora.
Considerações finais:
No geral, a Trilogia dos Espinhos é mais do que recomendada para quem curte uma fantasia mais crua, mais dark. Não é livre de defeitos, com alguns personagens clichê e diversos momentos Deus ex machina. E pode, é claro, não ser do agrado dos mais puros de coração, seja pelo aspecto vilanesco do protagonista ou pela brutalidade do cenário. De qualquer forma, é uma saga mais do que obrigatória para os fãs de literatura fantástica, principalmente para os órfãos sofredores de Game of Thrones ( tipo eu. Pô, tio George, escreve aí...)
Eu recomendo!
"(...)é isso que somos, irmãos, sangue e sujeira. E nada pode nos lavar, nem o sangue dos inocentes, nem o sangue dos cordeiros.(...)"
-Trecho de Emperor of Thorns
Olá!
ResponderExcluirLi o primeiro livro e não curti. Eu gostei da forma como o personagem foi apresentado e da ambientação, mas a repetição de certas coisas cansou :(
Bjs
EntreLinhas Fantásticas - SORTEIO 250 SEGUIDORES! FALTAM APENAS 10 SEGUIDORES! NOS SIGA E PARTICIPE :)
Olá Thalita, obrigado pela leitura!
ResponderExcluirUm pena você não ter gostado, as coisas melhoram muito no segundo livro. Realmente não é uma obra livre de defeitos, como já havia dito.
Abraço!