Pelo demasiado alarde, é difícil ficar imparcial sem se sentir curioso com o filme que ganhou o festival de Sundance 2015 de melhor diretor para o estreante Robert Edgers, ainda mais com um orçamento de apenas 3,5 milhões de dólares. Edgers, também responsável pelo roteiro, teve a proposta de trazer de volta um terror que fizesse os espectadores se questionarem quanto rigorosidade da fé, baseado em lendas de bruxas do século XVII. Pesquisou em jornais, diários e todos os documentos da época relacionados a bruxaria na Nova Inglaterra. Não só pelo roteiro e pelo baixo orçamento sua estreia fica notória, mas o trabalho e as minuciosidades do filme impressionam, pois além dos atores falarem o inglês arcaico da época, foram treinados para usar e agir com a tecnologia e os costumes do período que o filme se passa. As casas e os cenários por exemplo, advém disso. Até mesmo o figurino não ficou de fora. Tudo é claro, contribui para que a experiência seja ainda mais veróssimil.
Ambientado na Nova Inglaterra* de 1630, o fanático patriarca de uma família de colonos (Ralph Ineson de Game of Thrones Dagmer Cleftjaw) é expulso de sua comunidade juntamente com sua mulher e cinco filhos, obrigando sua família a viver próximos a uma floresta. Inciando com o sumiço de seu filho mais novo, o bebê da família, Samuel, a culpa recai sobre a primogênita Thimosen (Anya Taylor-Joy), animais começam a ter comportamentos estranhos e as plantações não vingam. A família começa a ruir, quando uma das crianças some e volta possuída por algo que vai contra a fé da família.
A Bruxa não é um clássico filme de terror carregado de clichês como pessoas morrendo, violência, sangue e sustos gratuitos. Isso pode decepcionar pessoas que estejam acostumadas a essa linha do gênero, nem por isso deixa de ser aterrorizante, pois combina imagens que chocam pelo teor macabro aliado a trilha sonora que permite constante tensão. Faz alusões ao sagrado e o profana. Como na cena da repartição do pão que lembra o famoso quadro da Santa Ceia. Sua fotografia é com luz natural e a luz das velas e isso deixa as cenas ainda mais escuras naturalmente.
O terror de A Bruxa, é praticamente de imagens trevosas que sugestionam o espectador ao mal que o filme passa, não entregando cenas de bandeja, fazendo com que o imaginário de quem assiste voe pelo sobrenatural e inexplicável. A tensão psicológica juntamente com o desmembramento da família e o terror que cada um dos personagens passa dentro de si, faz o espectador sair do cinema com um senso de perturbação e esse é o maior acerto do filme, que desde o princípio é desafiador.
Legal, quero muito assistir esse filme! O terror estava mesmo precisando de uma renovação. Tomara que sejam feitos mais filmes assim!
ResponderExcluirAbraço
Obrigado Wagner! Também espero terrores tão desafiantes quanto esse. Afinal se o diretor desse filme conseguiu fazer tudo isso com 3.5 milhões, imagina o que não faz com um orçamento maior.
ExcluirVerdade. Isso prova que Originalidade na hora de escrever um roteiro e criatividade na produção são mais importantes que o orçamento do filme.
ExcluirDá pra fazer filmes bom SIM, mesmo com um orçamento baixo