Demolidor sempre foi maior que um filme. Não que não mereça um, mas tem sua história e seu mundo tem tantas peculiaridades que não seriam bem contados em um filme ou uma série deles. Nesse ponto, a Netflix está fazendo um excelente trabalho com o personagem. Quando Justiceiro e Elektra foram anunciados, a informação foi chocante, pois o primeiro, teve dois desastrosos filmes e a segunda com apenas um, conseguiu ser ainda pior. Personagens fortes e marcantes que deveriam ter uma presença e representações a altura. Fora o fato de não termos um vilão de verdade na série.
Nessa segunda temporada, Matt Murdock/Demolidor(Charlie Cox), enfrenta um novo vigilante que extrapola um limite que ele não consegue. O de matar os criminosos. Ambos tem o mesmo objetivo, porém acreditam em métodos diferentes de realizá-lo. Frank Castle (John Berthal o Shane de Walking Dead) teve sua família assassinada e deseja vingança com o crime organizado de Nova Iorque. Amado por uns e odiados pela maioria, o Justiceiro se torna uma ameaça à segurança pública, cabendo ao Demônio da Cozinha do Inferno interromper as chacinas causadas por Castle. A relação dos dois é muito fiel aos quadrinhos e bem explorada na trama. Pega cenas não somente das páginas de Demolidor, mas da própria HQ do Justiceiro como em “Bem Vindo de Volta Frank”. Ao mesmo tempo que Murdock e Castle se odeiam, entendem e compartilham de um senso de justiça incomum. É tendencioso dizer que John Berthal rouba a cena como Justiceiro, mas não há dúvidas que até agora foi a melhor interpretação do personagem e com certeza merece série solo.
Junto a trama ressurge uma ex namorada de Mathew, Elektra(Elodie Yung de 13º Distrito) que é uma mulher rica que sabe do segredo de Matt e entende quem ele realmente é. Também treinada em artes marciais, volta para pedir ajuda ao advogado cego, informando que algo muito maior irá acontecer ameaçando o futuro da cidade. A princípio, a personagem se distancia da criada por Frank Miller, mas ao longo da história faz sentido dentro do contexto apresentado na série, tendo papel muito importante na história. E para os sexistas de plantão, ela não usa o famoso "maiô vermelho". A personagem cresce ao longo da série e o que acontece com ela, honra a memória de Miller e satisfaz os fãs dos quadrinhos, ainda sim falta um pouco da ninja assassina durona.
Um dos núcleos mais bacanas da primeira temporada volta para segunda. As cenas de tribunal conseguem ser ainda melhores que as da primeira, dando foco apenas a um caso fortíssima repercusão na mídia. Dessa vez a Nelson & Murdock, enfrenta um a promotoria de Nova Iorque que esconde algo,. Quem rouba a cena é Foggy, o melhor amigo de Matt. Devido sua importância, Foggy merecia mais espaço na série como um todo. Karen Page evolui mais, aprofundando seu lado Ben Urich e indo atrás de respostas que os dois advogados não encontram. As lutas ficaram ainda mais bacanas. Uma em específico, homenageia a famosa cena do corredor. Para os que ficaram insatisfeitos com o uniforme do Demolidor na primeira temporada, o traje tem uma evolução considerável, ficando mais próximo à roupa vista nos quadrinhos. Ainda sem os "D's" no peito.
Demolidor ainda não é a melhor série do Universo Marvel Netflix. Nem por isso perde em qualidade. A segunda temporada como um todo é bem melhor desenvolvida e os pontos são melhor amarrados. Apesar de abrir portas para novos personagens o centro é o advogado cego e ninja da Cozinha do Inferno, que de dia luta pela justiça através da lei. Enfrenta bandidos, ninjas, ex namorada e sociopata. Dá a cara a tapa, e faz o melhor que pode pela sua cidade mas no fundo é alguém que quer fazer o certo e paga pelas escolhas. Esse sentimento é transparente para o espectador. Faz com que a série cative quem vê. Não é de se admirar que a série ganhe mais uma temporada, pois essa é só uma pequena parte do que o personagem pode oferecer.
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